CARTA ÀS MÃES DE CRIANÇAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA
Todo bebê ao nascer necessita de cuidados específicos e de atenção. Seu filho precisará disso e muito mais.
Não é culpa sua mas você tem em suas mãos uma criança especial. Você não teve opção mas tem a escolha de garantir para ela uma vida melhor ou se omitir e deixar o tempo passar sem fazer nada....
Embora você não seja uma profissional treinada, você tem amo. Você provavelmente tem muitas dúvidas sobre o que é capaz e sobre o que seu filho também pode realizar mas você tem bom senso. Aprenda a escutar seu coração. Ninguém conhece seu filho melhor do que você. Não se deixe desanimar pelo que os outros dizem e muito menos perca as esperanças pois algo novo está sempre surgindo no mundo da medicina.
A primeira coisa que você pode fazer por seu filho, sua família e principalmente por si mesma é aceitar o problema. Aprenda a encarar de frente e com naturalidade o que a vida lhe deu. Ajude seu filho a aceitar isso também. converse com ele, explique que ele é diferente assim como no mundo há outras diferenças: há crianças negras, brancas, de olhos azuis, castanhos, sem braços, que não escutam, pobres, ricas.... Ressalte suas qualidades ao invés dos defeitos. Diga que o ama e o quanto ele é carinhoso, responsável, organizado, prestativo, obediente e tantas outras coisas boas. Não o rebaixe, critique ou compare com outras crianças diferentes ou iguais, com a mesma deficiência mas que já conquistaram habilidades que seu filho ainda não tem. Isso mesmo... ainda!!! Pois um dia pode vir a ter.
Não minta para o seu filho. Não diga coisas como "você vai ficar bom", "Deus vai curar você", "esse exame não dói". Não lhe dê motivos para não confiar em você que é mãe e que vai guiá-lo pelo mundo. Diga de modo carinho e ameno mas diga sempre a verdade!! Diga, por exemplo, que o exame dói mas que é necessário fazer para que ele possa ter um tratamento adequado e que você o ama e vai ficar do lado dele todo o tempo.... ou então... diga o quanto você acredita em Deus e que ELE sabe o que é melhor para nós e que há uma razão para que seu filho passe por coisas que as outras crianças não passam e que deve confiar sempre NELE.
Embora especial, seu filho é uma criança. Não o mime, não tente compensar sua deficiêrncia com coisas materiais. Dê-lhe amor, confiança, afeto, carinho mas também cobre dele aquilo que é de sua responsabilidade, chame sua atenção quando for necessário. Assim você vai mostrar que o trata sem preconceitos, como qualquer outra criança saudável seria tratada. Toda criança precisa de limites, inclusive as deficientes.
Estimule seu filho. Ofereça brinquedos, materiais concretos para manusear, leve-o a passeios, visitas, lhe dê informações, leia para ele, brinque com ele, responsa suas perguntas e deixe que ele descubra por si mesmo tudo que é capaz.
Se informe. Descubra tudo o que puder sobre o problema de seu filho. Leia, pesquise, pergunte, procure... hoje em dia todas as informações estão ao nosso alcance via internet. Interesse-se pelo mundo dele e sobre o que você adquirir ou proporcionar à ele para que tenha melhores oportunidades.
Converse com seu médico. Questione tratamentos, medicações, exames. Não tenha medo de perguntar o que não está claro ou o que não entendeu. Se não estiver satisfeita consulte outros especialistas. Ouça sempre uma segunda opinião. Profissionais são humanos, mesmo os melhores também erram.... se não se sentir a vontade com um profissional, procure outro sem medo pois o que está em jogo é a vida do seu filho!
Esteja atenta para o desenvolvimento do seu filho, como disse antes, ninguém o conhece melhor do que você. Se perceber alguma mudança ou atraso no andar, falar, sentar, etc, comunique imediatamente ao seu médico e terapeutas que acompanhem seu filho.
Diante de uma situação problemática use sempre o bom senso. Ouça opiniões alheias mas coloque um limite na intromissão pois quem está de fora acha sempre uma solução para tudo. As opiniões podem te ajudar a pensar numa saída mas esta é você quem tem que encontrar. Novamente, ouça seu coração e pense positivo. Com certeza você estará tomando a decisão certa.
Nunca se culpe se algo der errado (um tratamento, uma cirurgia....), pelo menos você tentou e não se omitiu. Além do mais, se você errar, lembre-se que errou por amor pois você jamais faria nada para prejudicar intencionalmente seu próprio filho.
Você provavelmente deve estar se perguntando quem sou eu para dar esses conselhos... Embora seja uma profissional da área da saúde, neste momento falo como mãe. Uma mãe comum, como você ou qualquer outra, que vivenciou tudo isso que você está vivendo agora. Toda a incerteza, todo o desespero, todo o drama, todo o choro, tudo mesmo. Uma mãe que seguiu à risca cada uma dessas palavras e hoje se vê recompensada por ter uma filha alegre, independente, estudiosa, esperta, integrada socialmente, amorosa, meiga, carinhosa, madura, sem medos ou problemas psicológicos que afetem sua vida cotidiana.
Deus abençoe cada uma de vocês mães, abraços!
Meg Machado
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